“O monstro e a deidade partilham de uma característica comum – uma vastidão de faces.
Algumas pessoas aprenderam a se manter lutando para se sentirem poderosas. O poder que vem da luta necessita das defesas para se legitimar. Você quer que uma defesa te represente e regule as suas relações?
A manutenção da luta exaure a nossa alma. Esse cenário arcaico da formação de nossa consciência como resposta ao medo e necessidade de nossa reunião estabeleceu uma relação original intitulada como escolha do bom sobre o mau – o bom assumido como o que nos distingue da natureza e o mau como o que nos faz regredir ao animal.
Precisamos agora, nessa nova era de proximidade, ganhar uma dimensão de maior responsabilidade. Nosso bom parece só se sustentar numa relação impossível que camufla nossa violência, denigre a natureza e alimenta a exclusão. O mau, tão afastado e combatido, se mostra na nudez de nossa intimidade, reside em nossos tempos também na escolha de um estilo de vida impossível.
A luta é a escolha dos que têm medo do real desafio do ser humano – desenvolver o amor. Este amor, hoje banalizado, empobrecido de seu poder, não é uma intitulação ingênua e infantil, é um imenso trabalho de inclusão.
O monstro e a deidade partilham de uma característica comum – uma vastidão de faces reunidas, uma representando a paz, a outra lutando. Quem luta sempre perde a oportunidade de amar.” Mauro Bühler