“Existe uma mentira na exacerbação da individualidade, ela empodera o controle, e em sua construção nasce a ilusão. A ilusão é a semente do sofrimento, pois representa um tensionamento que não pode encontrar relaxamento nem na intimidade, nem nas relações. O descanso e a paz só são possíveis na revelação da verdade, ela em muitos sentidos é uma afirmação da natureza biológica em acordo com a psíquica e também com a simbólica.
Nosso tempo partilha da grande ilusão de que na exacerbação do controle se assegura a saúde, o sucesso e a felicidade. Isto é uma mentira! É incrível a quantidade de sofrimento causado pela ilusão, e o falso poder que o controle traz.
A solidão acompanhada, corpos lindamente violentados, a crescente incapacidade de suportar a si mesmo e lidar com as emoções, a construção da identidade através da publicidade, que nos esconde mais do que nos revela…
Estranhamente as pessoas que se esforçam tanto em serem diferentes se parecem cada vez mais….
Com o tempo o vício do controle danifica as relações, a psique, o corpo e a identidade. Constrói um mundo sem terra, afasta o espírito, torna o humano um mero objeto, pura matéria a ser moldada pelo desejo inconsciente e inconsequente.”